Semicondutores, a competição pelo futuro

Responder
Avatar do Utilizador
projclvm
Velha Guarda
Velha Guarda
Mensagens: 1020
Registado: 12 jun 2011, 16:39
Localização: Centro
Agradecimento recebido: 12 vezes

Semicondutores, a competição pelo futuro

Mensagem por projclvm »

Os semicondutores, mais conhecidos como microchips, são como as baratas; mal se vêem, mas estão em toda a parte. A diferença é que evoluem constantemente, e quem dominar a sua evolução, domina o mundo.
Praticamente todos os aparelhos, equipamentos e pinchavelhos, desde as tostadeiras aos aviões, usam semicondutores. São aqueles quadradinhos do tamanho duma cabeça de alfinete que contêm milhares, milhões, de circuitos eléctricos, ligando meia dúzia de componentes (já lá vamos) que controlam o funcionamento das “coisas”, sejam elas as luzes das escadas de serviço ou os piscas dos automóveis.

Tempos houve, e não foi assim há tanto tempo, em que só os equipamentos técnicos sofisticados usavam semicondutores miniaturizados. Antes disso, ou seja, antes de 1947, nem sequer existiam. Em 1954 passaram e ser feitos com um minério chamado silício, ao mesmo tempo que entraram na construção de receptores de rádio portáteis. Nunca é demais salientar a importância dos “rádios-transistor”, uns aparelhos pequeninos que influenciaram não só a tecnologia, mas até a política – diz-se, com alguma graça e veracidade, que o sucesso do General de Gaulle como presidente se deve aos rádios de bolso que permitiram a todos os franceses ouvir os seus discursos, na praia ou na casa de banho.

Não vamos aqui explicar como é que funciona o transistor, um dos componentes dos circuitos eléctricos, agora electrónicos. O que interessa é que a “transistorização” (neologismo que não existe) dos ditos circuitos permitiu uma redução de dimensões comparável à diferença entre um elefante e... uma barata. Os tais componentes, que podem ser resistências, capacitores, fusíveis, comutadores, retransmissores e outros bichos desconhecidos dos leigos, permitiram transformar a electricidade numa ferramenta de comando e controle de praticamente tudo o que mexe, ou nem sequer mexe, mas faz alguma coisa de útil.

O passo seguinte, que ocorreu em 1959, foi a invenção do circuito integrado: todos os componentes ligados entre si numa placa de pequenas dimensões, onde não são montados à mão, mas antes impressos – como se imprime com tinta numa folha de papel. Daí em diante começou uma competição para imprimir circuitos cada vez mais complexos num espaço cada vez menor. Um microchip actual, do tamanho do olho da barata, contem milhões de componentes. Segundo a Lei de Moore, formulada em 1965 por um engenheiro da Intel, o número de componentes num microchip duplica a cada dois anos, ao mesmo tempo que o seu custo cai pela metade. Até hoje esta lei continua válida, o que significa que os progressos na miniaturização e funções dos microchips atingem anualmente níveis mirabolantes.

Toda esta conversa para chegar à actualidade, 2022, altura em que os microchips entraram em todos os sectores de produção e tornaram-se indispensáveis para qualquer máquina. Ficámos a saber que a pandemia de Covid-19 diminuiu a produção e dificultou a distribuição de microchips, e como resultado disso há falta de automóveis, ventiladores, condicionadores de ar, torradeiras, e de muitos outros produtos que, não tendo microchips, são fabricados por máquinas que precisam deles.

Agora vamos sair da parte técnica e entrar na geopolítica – tudo acaba por entrar na maldita geopolítica!

Sendo produtos de alta precisão, os microchips são produzidos por fábricas altissimamente especializadas. Essas fábricas usam máquinas mais especializadas ainda; basta dizer que apenas um país as produz em quantidade e com fiabilidade, a Holanda. Isso mesmo, a Holanda! A China e os Estados Unidos, que qualquer pessoa pensaria serem os melhores candidatos ao título de “super-produtor de máquinas-ferramenta para a produção de microchips”, não chegam aos calcanhares da Holanda.

https://24.sapo.pt/opiniao/artigos/semi ... elo-futuro


Responder

Voltar para “Discussão Eletrónica”